POESÍA ESPAÑOLA
Coordinación de AURORA CUEVAS-CERVERÓ
Foto: https://www.companhiadasletras.com.br/
CARMEN MARTÍN GAITE
( Espanha)
Nasceu em Salamanca, na Espanha, em 1925.
Formou-se em Letras na universidade local e logo se transferiu para Madri, onde concluiu seu doutorado. Em sua obra de ficção se destaca a coletânea de contos El balneario (Prêmio Café Gijón, 1954), e os romances Entre visillos (Prêmio Nadal, 1957), Ritmo lento (1963), Retahílas (1974), Fragmentos de interior (1976), El cuarto de atrás (Prêmio Nacional de Literatura, 1978), La reina de las nieves (1994) e Lo raro es vivir (1996).
TEXTO EN ESPAÑOL - TEXTO EM PORTUGUÊS
LA POESÍA ESTÁ EN EL VIENTO. Proyecto Cometa Litararia. Embajada de España en Brasil. Edición y coordinación editorial: Begoña Sáez Martínez. Brasília: Thesaurus Editora, 2013. 144 p. ilus. P&b 17 x 17 cm. ISBN 978-85-409-0265-7
Ex. bibl. Antonio Miranda
MADRID LA NUIT
Echa hilo a la cometa de la noche,
que aún queda algo de viento.
Amenazado vives, al raso, crepitando,
como una hoguera al cierzo,
gastando tus cartuchos con saña y desafío,
pólvora en salvas, llama del momento.
Por el Madrid de Dato y La Caramba,
del Motín de Esquilache y de Fernando Séptimo,
por el Madrid de Goya de los fusilamientos,
de Larra, Espoz y Mina y de Aldecoa,
Madrid hortera y siniestro,
vas dando tumbos, recordando historias,
por calles que eran gente de apellido compuesto,
aguantando la noche con quien caiga,
con amigos topados a voleo,
a los que dices “pero no te vayas”,
“quédate otro ratito por lo menos”,
y “aquí una copa par la señora”
a un camarero y otro camarero,
en locales que cierran aún más tarde,
que quedan aún más lejos,
zigzag de rutas donde vas gastando
suela de tus zapatos, palmadas a serenos,
saliva con que hacer rodar mentiras,
gestos que se dirían verdaderos,
mil pesetas ganadas a los chinos,
alaridos a un taxi, giros del minutero,
cerillas, labia, risa,
y el con tan frágil de no haberte muerto.
… Ya surge el rostro gris del día siguiente
— muro lívido y terco —.
Tienes frío,
estás solo, y hay que esconder el miedo.
Echa hilo a la cometa de la noche,
que aún queda algo de viento.
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução: ANTONIO MIRANDA
Lança uma linha ao cometa da noite,
que ainda resta algo do vento.
Ameaçado vives, ao relento, crepitando,
como uma fogueira ao vento contra,
gastando teus cartuchos com violência e desafio,
pólvora em salvas, chama de momento.
Por Madri de Dato e La Caramba,
do Motín de Esquilache e de Fernando Sétimo,
por Madri de Goya dos fusilamentos,
de Larra, Espoz e Mina e de Aldecoa,
Madri brega e sinistra,
vás aos tumbos, recordando histórias,
por ruas com sobrenomes compostos,
aguentando a noite com quem caia,
com amigos topados ao acaso,
aos que dizes “mas não vá embora”,
“fica mais um pouco por favor”,
e “agora uma taça para a senhora”
a um garçom e outro garçom,
em locais que fecham ainda mais tarde,
que ficam ainda mais longe,
zigzag de rotas por onde vais gastando
a sola de teus sapatos, palmadas serenas,
saliva com que fazer soltar mentiras,
gestos que diríamos verdadeiros,
mil pesetas recebidas dos chineses,
alaridos a um taxi, giros de ponteiro dos minutos,
fósforos, lábia, riso,
e o tão frágil por não haver-te matado.
… Já surge o rosto cinzento do dia seguinte
— muro lívido e teimoso —.
Sentes frio,
estás só, e tem que esconder o medo.
Lança uma linha ao cometa da noite,
que ainda resta algo de vento.
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Página publicada em dezembro de 2021
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